O mercado do ciclismo brasileiro sofreu um abalo. O anúncio do fim da parceria de 11 anos entre Henrique Avancini e a Caloi não marcou apenas o encerramento de um ciclo vitorioso, mas o início de uma especulação frenética: Para onde eles vão?
Enquanto tentam adivinhar, nas resenhas de ciclista, a cor da nova camisa, aqui no Pedalando Junto decidimos olhar para uma direção diferente: o Business.
Ao analisar os movimentos de bastidores, as conexões empresariais e a lógica de mercado, acredito que faz sentido um raciocínio. Não se trata apenas de um patrocínio, mas de uma operação comercial complexa liderada por André Sanches.
Vamos ligar os pontos?
Abaixo tem um texto, e mais detalhes estão no vídeo.

1. O “X” da Questão: André Sanches e o Business
Para entender o futuro, precisamos olhar para quem está desenhando a estratégia: André Sanches. Sanches é o fundador da 2Peaks, a importadora responsável por trazer ao Brasil duas marcas de peso: a Santa Cruz e a Factor. E é aqui que a linha do tempo revela a estratégia.
- A Pista Falsa (O Passado): Lá atrás, quando Avancini anunciou sua saída da Cannondale, fiz minha primeira ligação lógica: acreditei que ele iria para a Santa Cruz.
- O Motivo: A Santa Cruz pertence ao Grupo PON (mesmo dono da Cannondale e Caloi) e tinha o elemento André Sanches na liderança do Brasil. Parecia o caminho natural manter-se no grupo e unir-se ao amigo.
- O que aconteceu: Avancini manteve-se no Grupo PON, optando por nacionalizar o projeto através da Caloi. Foi uma escolha vitoriosa: com a equipe Henrique Avancini Racing levando a marca Caloi, ele conquistou o Título Mundial de Maratona. Posteriormente anunciou sua aposentadoria do XCO profissional, mas manteve a equipe ativa e forte.
- O Sinal da Mudança: Já na fase pós-aposentadoria do XCO, um novo elemento surgiu: Avancini anunciou sua entrada na Factor, mas focado em um projeto de Ciclismo de Estrada. Ali, acredito que foi lançada a semente da nova parceria já, rodando em paralelo o contrato da equipe de MTB com a Caloi.
- A Realidade (O Presente): Agora, anunciado o fim do ciclo Caloi, entendo que o movimento se completa. Um projeto que tem o Sanches pela Factor, o que fortaleceria a operação no Brasil, e globalmente projeta a marca no MTB, pois a marca tem a bicicleta de MTB XC, porém é mais relevante na estrada, TT, pista e até Gravel.
2. As Evidências que estão na Nossa Cara
O namoro entre Avancini e a Factor foi exposto antes; na equipe de estrada, inclusive correndo o mundial de estrada e também no mundial de gravel.

Mesmo com a equipe Henrique Avancini Racing sendo patrocinada pela Caloi, Avancini decidiu competir no ciclismo de estrada e no Mundial de Gravel com bicicletas Factor. Acredito que esse projeto não foi um acaso, foi um “test-drive” da parceria.
Mas Factor é só estrada e gravel? Não. Avancini em seu conteúdo autoral no YouTube, ao precisar de uma Mountain, utilizou uma Factor Lando.
Recentemente, a Factor, uma marca de nicho e super exclusiva, começou a aparecer no estoque de uma grande varejista brasileira, e já estava na loja 2 Peaks Bike, que Sanches é sócio. Acredito que isso sinaliza uma preparação para atender uma demanda que foi planejada para crescer. Quem é capaz de fazer uma marca de nicho vender em escala no Brasil? Apenas Henrique Avancini.
3. O Desafio Global: Entrar na Copa do Mundo
A Factor é uma gigante na Estrada, mas ainda precisa provar seu valor no Mountain Bike. A sua bike de XC, a Factor Lando, precisa de vitórias e visibilidade.
Para uma marca, montar uma equipe de Copa do Mundo do zero é um pesadelo logístico e financeiro (conhecimento, logística, staff, relacionamento, UCI).
Aqui acredito que entra a estratégica de tudo: A Henrique Avancini Racing já tem tudo isso. Ao fechar com o time brasileiro, a Factor “compra” instantaneamente uma estrutura de equipe de fábrica pronta para operar na Europa, pulando anos de desenvolvimento.
4. Ulan Galinski: O Trunfo do “Baiano-Francês”
Se Avancini focará na gestão e na expansão da marca, quem vai pilotar a Factor Lando nas trilhas da Copa do Mundo? Ulan Galinski.
Ulan é a peça chave dessa engrenagem global, pois tem pontos UCI e também tem cidadania européia.

Filho de pai francês, Ulan possui passaporte europeu.
- Para a Factor (Global): Ele é um atleta que corre na Europa com as regalias de ser um europeu, sem burocracia de estrangeiro.
- Para a Operação Brasil (Sanches): Ele é o Brasileiro mais bem rankeado na UCI, o ídolo local que vai validar a bicicleta nas nossas trilhas e impulsionar as vendas aqui.
É o casamento perfeito entre a necessidade logística de um time europeu e a necessidade comercial de um distribuidor brasileiro.
Conclusão
O que aposto que estamos prestes a ver não é apenas uma troca de uniforme. É a consolidação de um projeto liderado pela visão de negócios de André Sanches aliado à visão estratégia de negócios, de comunicação de marketing esportivo e da estrutura profissional de Henrique Avancini e o talento híbrido de Ulan Galinski.
A Factor deixa de ser uma “marca de boutique” no Brasil para se tornar a protagonista das pistas. E se a história nos ensinou algo, é que onde Avancini e Sanches trabalham, o mercado muda de patamar.
E você, o que acha dessa estratégia?
A Factor tem força para brilhar aqui e no MTB internacional?



