O “Lendas CIMTB Michelin” conta agora a história de um ciclista que foi por acaso que veio ao Brasil no ano de 2015, quando competia ao redor do mundo atrás de pontos para representar Portugal nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. David João Serralheiro Rosa, ou simplesmente David Rosa, desembarcou sozinho em Araxá (MG), no início de março daquele ano, para competir na mais tradicional etapa do ciclismo latino-americano. Tanto gostou, que David voltou nos 6 anos seguintes (2016 a 2021) para o Brasil, onde competiu lá e em outras cidades que a CIMTB Michelin teve etapas, como São Paulo (SP) e Taubaté (SP). Confira a história do garoto da Cidade Religiosa de Fátima, que sempre teve a veia da competitividade pulsando forte em seu sangue.
1) Houve outro esporte antes da bicicleta na sua vida?
Antes da bicicleta pratiquei outras modalidades, como qualquer criança. Joguei futebol, caratê, esportes de orientação, escalada. Esportes de aventura, atletismo. Fiz toda uma mistura, até saber que a bicicleta, que esteve sempre presente na minha vida, assumiu um papel principal porque era aquilo que eu realmente gostava.
2) Como começa a sua história com o ciclismo, até chegar no mountain bike?
Sempre andei de bicicleta, mas não sabia que existia competição de mountain bike. Até que dois primos mais velhos que eu, que já competiam, os vi chegar com suas bicicletas. Sempre fui um indivíduo muito competitivo e sempre gostei de pedalar e do contato com a natureza. Então o mountain bike proporcionava tudo isso. Competitividade, andar de bicicleta e estar em contato com a natureza. Quis competir muito novo, com 8 anos, mas só aos 15 anos iniciei, já muito tarde. Meu pai sempre me geriu, para saber se eu realmente queria isso.
3) Como foi o início como esportista?
Comecei a competir com 15 anos e até acertar o regime de treinos, cometi muitos erros. Acho que eu cometia todos os tipos de erros possíveis e imaginários. Até acertar a dinâmica de treinos demorou algum tempo, mas aí foi
4) Na sua carreira, quais principais resultados/feitos/títulos?
Tenho na elite 11 títulos de campeão nacional e duas presenças em Olimpíadas, Londres/2012 e Rio de Janeiro/2016. Tenho também a nível internacional os cinco melhores resultados portugueses na Copa do Mundo de MTB XCO e também os cinco melhores portugueses no Campeonato Europeu de XCO, o mesmo acontecendo no Campeonato Mundial. Cheguei a estar no 11º lugar do ranking mundial. Uma das vitórias mais importantes foi na CIMTB Michelin em março de 2016, na etapa Rainha do Cross Country Olímpico (XCO), em Araxá.
5) Como a CIMTB Michelin entra na sua vida? Lembra da primeira vez que veio competir no nosso evento?
A CIMTB Michelin entra em 2015. Estávamos em período de classificação Olímpica e na época era uma SHC, ou seja, Stage Race Hors Class, e ofertava muitos pontos no ranking UCI. Havia acabado de disputar a Andalucia Bike Race, uma prova muito longa de etapas na Espanha, e ela terminou num sábado e vi no calendário que haveria uma SHC daqui alguns dias no Brasil. Tomei o risco de ir sozinho para Araxá, ano que a prova acabou sendo encerrada antes do previsto, por conta de uma forte chuva, com bastante trovoadas. Logo pude ver que era um evento muito grande.
6) De lá para cá, quantas participações teve na CIMTB Michelin? Lembra das cidades que já competiu?
Na CIMTB Michelin, competi todas as etapas de Araxá de 2015 até 2021, daí competi na CIMTB em São Paulo em 2017 e na CIMTB de Taubaté. São essas as três cidades que competi na prova.
7) Avaliando por onde você já competiu, como você destacaria a CIMTB Michelin? Em termos de estrutura, organização, atenção com o ciclista.
Eu digo desde que fui pela primeira vez, em 2015, e aí deu para perceber no ano seguinte ainda mais. A CIMTB Michelin é um dos maiores eventos do mundo e a nível organizacional não deve nada para uma Copa do Mundo. Disse isso ao Rogério, que eu já estive em etapas de Copa do Mundo que não estavam ao nível da CIMTB Michelin de Araxá. Um evento que é realmente grandioso. Vocês estão de parabéns pelo que construíram até agora.
8) O que a bicicleta representa na sua vida?
A bicicleta representa muita coisa na minha vida. Desde que comecei a pedalar, a bike era o primeiro meio de liberdade. A bicicleta representa para um jovem ou para uma criança, o primeiro meio que se consegue “fugir” dos pais e explorar a cidade, com algum grau de autonomia. Depois, serviu sempre como treinamento, escape físico e mental. Passou a ser minha profissão. Hoje estou ligado à modalidade de forma competitiva, mas também como treinador. Dou treinamento a atletas, inclusive no Brasil. Ou seja, representa muita coisa na minha vida.
9) Quais são os planos futuros…
Para 2023, comecei a treinar bem mais cedo que no ano passado. Finalizei a temporada de 2021 em dezembro, ou seja, comecei a treinar para 2022 bem tarde. Supostamente teria um projeto no Brasil para iniciar em março de 2022, mas infelizmente não se pode concretizar. Isso prejudicou minha temporada de 2022. Agora, para este ano, iniciei os treinamentos mais cedo e estou com um apoio de uma marca de Portugal bastante forte. Estou neste momento juntando apoio financeiro para fazer competições importantes, entre as quais a CIMTB Michelin. No entanto, além do ciclismo profissional estou com outras atividades, ou seja, sou professor de educação física, treinador, e tenho outras atividades relacionadas ao ciclismo, educação física em escola e o ramo do treinamento.
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